Segredos do ouro verde - Cafeicultora do Norte Pioneiro foi premiada três anos consecutivos em concu
- Jivago França
- 16 de nov. de 2019
- 3 min de leitura

Uma boa dose de estudo, outra de experiência familiar, algumas pitadas de intuição, uma dedicação praticamente materna e está pronta a receita de um café saboroso e campeão. Integrante da quarta geração de uma família de cafeicultores com propriedade no Norte Pioneiro, Ceres Trindade de Oliveira Santos, de Joaquim Távora, foi laureada por três anos consecutivos no Prêmio Café Qualidade Paraná, promovido pela Câmara Setorial do Café e Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, por meio do Emater e Iapar. Em 2015 e 2016 ela conquistou o primeiro lugar na Categoria Natural e em 2017, ficou em terceiro lugar.
Ela esteve em Londrina durante a Semana do Café 2018, realizada de 24 a 27 de maio, para um bate-papo sobre a produção da bebida no O Armazém Café. Integrante do Projeto Mulheres do Café do Norte Pioneiro, ela conta que há três anos foi convidada para fazer um curso de provas de café para produtoras, através do Iapar e Emater, e levou um pouco dos grãos que produzia. "Eles gostaram e nos incentivaram a melhorar o café para participar do concurso. Gostei da ideia, todo mundo que trabalhava com a bebida ouvia falar de café de qualidade e dos concursos", explica.
Santos conta que seu pai lhe deixou escolher um padrão de café e prepará-lo para o prêmio. "Tem diversas variedades (de café). Escolhemos um pé que achamos que vai dar uma boa peneira e trabalhamos com esse café. É um trabalho artesanal, colhemos o café maduro, bem cereja, levamos para o terreiro, rodamos bem, cuidamos para não pegar umidade. Tem que cuidar igual a um nenê mesmo, depois passa pelos equipamentos específicos até ficar pronto", detalha a produtora. Segundo ela, são todos esses processos que vão do ponto de colheita até o tempo de torra que irão conferir um sabor específico para a bebida.
Com pouca experiência nesse preparo, Santos conta que conquistar o primeiro lugar no concurso já na primeira participação foi algo que surpreendeu, inclusive a ela. "Foi aquela surpresa. Todo mundo perguntava como eu tinha feito e eu nem sabia direito, fui fazendo e deu certo", diz, acrescentando que seu café sempre obteve pontuação entre 86 e 90, considerada excelente.
Sobre o Projeto Mulheres do Café, Santos relata que foi um incentivo para que as mulheres passassem do papel de coadjuvantes para o de protagonistas. "As mulheres sempre ajudaram na produção, colheita, no terreiro. Com o projeto houve esse incentivo. Nós recebemos orientação técnica e quando as mulheres começaram a aparecer e a ganhar o concurso, o interesse foi aumentando, a 'mulherada' gostou da ideia, foi tentando fazer. Tem mulheres em algumas regiões que fazem mutirão para uma ajudar a outra. O Projeto é muito importante para as mulheres de todas as formas, se uma desanima a outra está lá, dá força. Tem o técnico que acompanha, tem as reuniões para tirar dúvidas, conhecer o trabalho uma da outra. E há também o encontro realizado no mês de maio, onde a cada ano um núcleo recebe os outros e é bem legal", explica.
Casada, mãe de dois filhos adolescentes, a agricultora acredita que a presença das mulheres tem influenciado a cafeicultura. "A mulher é mais detalhista, mais delicada, dá mais atenção. Eu sempre digo que o cuidado com o café é o mesmo cuidado com o filho da gente. Dedicação dia e noite, sempre atendendo as necessidades dele, da maneira que está precisando, e para mim é instinto maternal", afirma rindo.
Além do café, Santos se dedica também à produção de hortaliças, mas conta que seu objetivo é estudar e cada vez mais se capacitar na produção de um café de qualidade, além de diversificar os produtos tendo o café como matéria-prima.
"Todo o dinheiro que ganhamos investimos em alguma coisa, um curso, um equipamento melhor. Já criamos a marca do café, temos loja virtual. Vendemos o café já torrado, em grãos ou moído. Nossa propriedade é uma das poucas que fecha o elo: faz a muda, planta, colhe, faz o processo pós-colheita, torra, embala e entrega. É um processo mais rentável e a internet é ponto positivo", finaliza.
Foto: Gustavo Carneiro
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