Grupo vai a Minas para conhecer estratégias sobre indicações geográficas
- Jivago França
- 16 de nov. de 2019
- 3 min de leitura

Um grupo de 42 paranaenses participa desde terça-feira (7) de uma missão técnica promovida pelo Sebrae, na Serra da Canastra (MG), para desenvolver estratégias sobre promoção de produtos com indicação geográfica (IG) no Estado, que hoje está apenas atrás de mineiros e gaúchos em número de certificações do tipo. O objetivo é conhecer melhor o trabalho feito na região, que é referência na abertura de mercados e no contato com consumidores, além de trocar experiências no 3º Evento Internacional de Indicações e Geográficas e Marcas Coletivas, que começa nesta quarta-feira (8), em Belo Horizonte. A excursão também faz parte do 3º módulo de Formação de Executivos de IG do Paraná, iniciada pelo Sebrae em 2017 e que formará a primeira turma em novembro deste ano. A proposta é preparar produtores rurais, técnicos e representantes de pequenos negócios na gestão de marcas geográficas, mais conhecidas por denominarem vinhos e queijos de países como Itália, França e Portugal. Com esse tipo de certificação, é possível agregar valor ao produto, ganhar renome no mercado e fortalecer a economia regional.
A coordenadora estadual de agronegócio, alimentos e bebidas do Sebrae Paraná, Andréia Claudino, afirma que a missão permite que os paranaenses conheçam estratégias de posicionamento de marcas, como ocorre com o queijo da Serra da Canastras. "Estamos conhecendo exemplos de produtores que que vendem 20% do que produzem de queijos pelo Instagram e por preços de duas a três vezes maiores do o convencional", diz.
Claudino explica que esse tipo de certificação, por si só, não atrai o consumidor, mas, sim, a diferenciação em todo o processo de produção. "A erva-mate de São Matheus do Sul (Sudeste do Paraná) já conseguiu posicionamento de mercado rapidamente e o consumidor paga mais para vivenciar um produto de qualidade, sem agrotóxicos e que é produzido com respeito ao produtor e à comunidade", conta.
Com esse tipo de estratégia, é possível aumentar a renda em pequenas propriedades, que nem sempre têm o mesmo sucesso comercial qye as grandes, que trabalham com commodities. "Em um território com 20 produtores, sempre há um ou dois que estão mais avançados em termos de cuidados, o que incentiva os outros a investir mais no negócio. Há ainda a formação de cooperativas, que assumem esse trabalho", cita Claudino.
Foco no mercado O primeiro produto a receber indicação geográfica no Paraná foi o café do Norte Pioneiro, projeto que reúne 80 produtores com uma média de oito a dez hectares, cada. Diretor da Acenpp (Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná), Luiz Fernando de Andrade Leite conta que os primeiros frutos colhidos foram o reconhecimento sobre a qualidade do produto da região, mas que o caminho de desenvolvimento ainda é longo. "Nosso desafio maior é melhorar os processos internos, principalmente em marketing, para poder vender um volume maior principalmente ao exterior."
Ele conta que, de forma geral, o comércio de café está nas mãos das grandes empresas e que a indicação permitiu que o grupo se descolasse desse cenário. Apesar da menor escala na oferta, o valor compensa por girar em torno de R$ 100 a mais em relação ao grão convencional, para cada saca de 60 kg. "Esse consumo de cafés especiais aumenta cerca de 20% ao ano no mundo e a ponta que produz, se fizer um trabalho bom, encontra um mercado que paga melhor", diz Leite.
Foto: Marcos Zanutto/19-05-2016
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