Lixão impulsiona epidemia de dengue
- Jivago França
- 6 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
Luiz Guilherme Bannwart / Tribuna do Vale

O município de Jacarezinho enfrenta a segunda epidemia de dengue em apenas 10 meses. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) são 903 casos confirmados da doença e 625 em investigação (números da secretaria municipal mostra 1107 casos confirmados). O bairro Aeroporto concentra o maior número de doentes, aproximadamente 500 moradores infectados, justamente onde funciona o aterro sanitário da cidade, apontado por organismos de segurança e meio ambiente como propulsor da dengue.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o problema se arrasta há anos sem que nada seja feito efetivamente para resolver as questões relativas ao tratamento de resíduos sólidos urbanos no município. De acordo com o Instituto Água e Terra (nova denominação ao Instituto Ambiental do Paraná), a Prefeitura de Jacarezinho foi autuada em 2016 pela última vez, com ação junto ao Ministério Público Estadual (MPPR).
No dia 21 de janeiro deste ano, entretanto, foi publicado no Diário Oficial do Município, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 6 de dezembro de 2019 pelo prefeito Sergio Eduardo Emygdio de Faria e o chefe regional do então Instituto Ambiental do Paraná, Marcos Antônio Pinto, prorrogando o prazo para a prefeitura adotar as medidas para se adequar às questões ambientais.
O documento estabelece prazo de até 180 dias para o cumprimento do acordo, porém, algumas medidas emergenciais de curto prazo estariam sendo descumpridas, como, por exemplo, o interrompimento imediato do acesso de catadores e pessoas não autorizadas à área do lixão e o despejo de cargas destinadas à coleta seletiva municipal, sendo que o material deveria ser destinado à Cooperativa de Reciclagem.
Outros pontos observados no TAC, que deveriam ser cumpridos imediatamente, dizem respeito ao fogo colocado para incinerar os resíduos sólidos urbanos não aproveitados pelos catadores e à compactação dos resíduos expostos ao tempo.
“É muito triste ver crianças disputando espaço com urubus enquanto os pais reviram o lixão em busca de materiais recicláveis para sustentar suas famílias. Este local é um antro de doenças, em especial a dengue. Todo dia tem fogo no lixão. As autoridades são acionadas e comparecem aqui, mas poucas horas depois tudo volta a se repetir”, revela um morador do bairro Aeroporto que pediu anonimato.
Procurado pela reportagem, o chefe do 4º Pelotão de Polícia Ambiental de Jacarezinho, subtenente Claudio Henrique Cavazzani, confirmou as denúncias do morador. Segundo o Oficial, as ocorrências envolvendo focos de incêndio no lixão são constantes, assim como o acompanhamento a fiscais do Instituto Água e Terra no local para as notificações cabíveis ao Município por danos ambientais.
A título de comparação, o segundo bairro com maior número de casos de dengue na cidade é a Vila Setti, com menos de 100 diagnósticos positivos da doença.
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
Comments