Você sabia que o sorvete foi inventado antes da geladeira?
- Jivago França
- 16 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Alice Bachiega
Na verdade a receita gelada é muito anterior ao equipamento: popularizada pelos italianos, ela remete aos persas e ao gosto dos imperadores romanos

Muito antes da geladeira existir, a comida preferida do imperador romano Alexandre era o sorvete. Embora seja difícil precisar uma data de origem, um lugar ou um inventor de uma das comidas mais famosas do mundo, acredita-se que ela surgiu no século II a.C, como mostram algumas referências bíblicas sobre os hábitos alimentares do rei Salomão, de Israel.
Sabe-se, por exemplo, que outro imperador de Roma, Nero, frequentemente mandava soldados até às montanhas buscarem neve, na qual agregava frutas e sucos para consumir em suas festas.
Alguns séculos depois, Marco Polo retornou para a Itália do Oriente Médio com uma receita que parecia muito com o que hoje chamamos de sorvete. Historiadores estimam que, por volta do século XVI, foi ela que deu origem ao produto vendido hoje em dia em qualquer esquina das grandes cidades.
Os ingleses dizem ter descoberto o doce na mesma época, ou mesmo antes dos italianos. O "creme gelado" (Cream Ice), como era chamado, era um dos alimentos comuns na mesa do rei Carlos I durante seu reinado, no século XVII.
A França tinha uma receita similar de sobremesas geladas oriunda dos italianos por volta de 1550, quando Catherine de Médici se casou com o rei Henrique II. Só por volta de 1660, no entanto, que o sorvete foi conhecido pelo público geral. O comerciante siciliano Procópio é conhecido por, misturando leite, creme, amendoim e ovos, vender o primeiro sorvete de Paris, no antigo Café Procope.
Apesar de não ter sido inventado na Itália ー há um consenso que o sorvete é, na verdade, persa, onde era feito gelo e frutas ー, foi no país europeu que ele ganhou a cara e a fama que possui hoje no mundo. Isso aconteceu porque, durante os séculos XIII e XIV, os italianos estavam no centro do comércio entre o Oriente Médio e a Ásia, de forma que o contato que estabeleceram com a receita inovadora permitiram a eles difundi-la ao redor da Europa.
A expansão do sorvete, no entanto, não foi fácil: Catherine tratou de levá-lo não apenas para a França, mas para várias cortes europeias. Com o tempo, o doce chegou aos vendedores de rua dos Estados Unidos, que só conheceram a receita alguns anos depois da chegada dela em Paris, quando a Inglaterra também já o conhecia.
Com a Revolução Industrial, no século 18, o sorvete passou, na verdade, por uma crise. Curiosamente numa época de expansão das tecnologias e do surgimento de novas máquinas, a receita enfrentou problemas de refrigeração constantes, cuja solução só aconteceria em 1926, quando os primeiros freezers elétricos e as geladeiras chegaram ao mercado. Com elas, os fabricantes sentiram que podiam fazer grandes quantidades de sorvete sem perder a produção: foi quando a popularidade dele cresceu aos níveis que se conhece hoje na maior parte do Ocidente.
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