Famoso e inesquecível
- Jivago França
- 16 de nov. de 2019
- 3 min de leitura

Não sou uma pessoa que viaja regularmente. Conheço poucos lugares, se comparado com aqueles que viajam uma semana sim e outra também, independente de estarem de férias ou não. Mas, dos lugares e cidades que visitei, a maioria a serviço pelo extinto Bamerindus e outras poucas a passeio; nunca vi nada igual sobre o estiloso “Bar”, que conheci na infância, aqui da minha querida Jacarezinho. Aliás, no passado, a nossa cidade teve famosos bares, mas infelizmente não os conheci. Desde pequeno e mesmo depois, morando com a minha avó, dona Benedicta, sempre circulamos em casas alugadas, próximas da antiga SUCAM, no cruzamento das Ruas Dr. Heráclio Gomes com a Padre Melo. E, por ser vizinho na localidade, quando garoto passava em frente desse fascinante estabelecimento, e ficava hipnotizado, primeiramente pela sua luminosidade adentro, à época, já com lâmpadas fluorescentes, tudo clarinho, um ar límpido, ambiente de requinte, suas prateleiras abarrotadas de bebidas sofisticadas, nacionais e importadas, uísque, licor, vodca, vinho, champanhe, todas expostas de forma ordenada, perfeita e chamativa. Lembranças que me acompanham, como por exemplo, o período de Páscoa. Lá até parecia que era o lugar onde o coelho fazia a sua morada. Pois, um a um, os ovos de chocolate de marcas famosas eram amarrados e colocados no teto por intermédio de um cordão ou linha, ficando todos alinhados verticalmente. Uma quantidade de tamanhos e cores, dando um efeito multicolorido e de rara beleza. Aliás, nesse lugar, os seus tradicionais e famosos assados também eram concorridos, na maioria deles, em forma de rifas, no modelo de dez ou quinze nomes, onde democraticamente, a maioria comprava, e sempre tinham os sortudos que ganhavam e levavam para casa no almoço dominical ou, ali mesmo, saboreavam com os companheiros. Além disso, um bolinho de carne especial da casa, batizado de “mentirinha”. Lá, tinha um setor reservado para desfrutar de um bom papo, um jogo de cartas, passar momentos agradáveis, tomando aquela cerveja estupidamente gelada, enfim... era o lugar... o Senhor “Bar”. Os seus assíduos frequentadores eram pessoas da comunidade, gerentes e funcionários de bancos, comerciantes, servidores públicos, fazendeiros, professores, médicos, enfim, todos de bom gosto e num lugar prazeroso. Embora, tenha entrado pouquíssimas vezes, mas jamais saiu da minha memória o charme e a magia desse lugar. O seu proprietário um exímio comerciante, seu nome: Vicente Spiacci, carinhosamente conhecido de todos, por “Nin”, ficando o nome de fantasia de “Bar do Nin”. A sua esposa e companheira Conceição era o seu braço direito e esquerdo nesse maravilhoso estabelecimento de cunho familiar. E, contava com um notável e dedicado funcionário, o Valdemar Pereira “Campeão” que anos depois assumiu os trabalhos como novo proprietário. Para os saudosistas, sabem do que estou descrevendo, era a referência e o cartão de visitas da cidade para aqueles que chegavam ou não. Quanto aos novatos de hoje, que não tiveram esse privilégio de outrora, esse Bar ficava na esquina, entre a Ruas Padre Melo e Rua Dom Fernando Taddei, com as portas de entrada voltadas para essa, (prédio já demolido), porém jamais esquecido. No portal Jacarezinho com Amor, onde se encontra mais de 4.000 fotos antigas com os respectivos históricos; que eu saiba, não possui nenhuma foto que representa esse memorável comércio do passado. Olhe, já garimpei em vários lugares da cidade para encontrar uma foto da época, para registrar esse estabelecimento, que sem dúvida, foi um glamour de bar, que não vi até os dias de hoje, em nenhum lugar. Nos dias atuais, mesmo com a internet em nossas mãos, nada se aproxima ou se iguala, aquilo que presenciei, e me marcou o passado, só de ter o prazer e a alegria de passar em frente, sem nada consumir, apenas vislumbrar o tão famoso e inesquecível “Bar do Nin”.
* Vicentinho é Licenciado em Historia e Bel. em Direito.
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